sábado, 11 de dezembro de 2010

Variação Linguística - História em quadrinhos

          Podemos entender como variação linguística o modo como determinada língua natural se diferencia, podendo variar de acordo com diversos fatores,segue abaixo, alguns fatores possíveis:

          1. Fator Histórico
          Acontece ao longo de um determinado período de tempo, pode ser identificada ao se comparar dois estados de uma língua. 
          O processo de mudança é gradual: uma variante inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a ser adotada por indivíduos socioeconomicamente mais expressivos. 
          A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas, período em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova variante torna-se normal na fala, e finalmente consagra-se pelo uso na modalidade escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de significado.

          2. Fator geográfico:
           Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam-se comunidades linguísticas menores em torno de centros polarizadores , política e economia, que acabam por definir os padrões lingüísticos utilizados na região de sua influência. 
           As diferenças linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo.

          3. Fator social:
           Agrupa alguns fatores de diversidade:o nível sócio-econômico, determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de educação; a idade e o gênero. 
          A variação social não compromete a compreensão entre indivíduos, como poderia acontecer na variação regional; o uso de certas variantes pode indicar qual o nível sócio-econômico de uma pessoa, e há a possibilidade de alguém oriundo de um grupo menos favorecido atingir o padrão de maior prestígio.

          4. Fator Estilístico:
           Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as normas lingüísticas, utilizado nas conversações imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo. 
          Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita e falda, pois os dois estilos ocorrem em ambas as formas de comunicação.
         As diferentes modalidades de variação lingüística não existem isoladamente, havendo um inter-relacionamento entre elas: uma variante geográfica pode ser vista como uma variante social, considerando-se a migração entre regiões do país. Observa-se que o meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças da sociedade, preserva variantes antigas. O conhecimento do padrão de prestígio pode ser fator de mobilidade social para um indivíduo pertencente a uma classe menos favorecida.


        Através dessa pequna introdução feita à respeito da variação linguística, trabalhamos com uma historia em quadrinho do gibi da Turma da Mônica, mais especificamente, do personagem Chico Bento. Este é caracterizado por possuir uma linguagem caipira, ou seja, temos uma variação linguística de acordo com um fator geográfico. 
        Para a realização do trabalho solicitado pelo professor Baronas, selecionamos a seguinte história em quadrinho e alteramos a variação linguística, passando do caipira para o mineiro. Abaixo, segue, respectivamente,a história original e a história alterada.
         - História Original:





 
          -  História reescrita
Zé Lelé em, “Uai, mais eu to rindo a toa, sô!”.
Chico Bento: Uai Zé! Porque esse sorriso de orelha a orelha?
Zé Lelé: To namorando a Filispina, sô!
Chico Bento: A fia do coronel Agrispino?
Zé Lelé: Ela mesma, uai, em carne, osso e formosura.
Chico Bento: Eita trem bão! Aquilo que é um partidão!! Me conta uai! Ela já deu um beijo em você?
Zé Lelé: Não, ela não sabe esse trem...mas quando souber vai dá.
Chico Bento: E um cafunézinho ela já fez?
Zé Lelé: Não, ela não sabe esse trem, mas quando souber vai fazê.
Chico Bento: Mais um pão de queijo pra você ela já deve ter feito, uai?
Zé Lelé: Não ela não sabe esse trem também, sô! Mas quando souber vai fazer.
Chico Bento: Pelo menos ela já escreveu o nome de vocês na árvore?
Zé Lelé: Não ela não sabe esse trem, mas quando souber vai escrever.
Chico Bento: Uai, que trem de namorada que é essa que não sabe faze nada, sô?
Zé Lelé: Quem disse isso? Me conta, sô! Que eu vô tira satisfação!
Chico Bento: Mas foi você mesmo, filho de desinfeliz!
Zé Lelé: Eu? Você deve ter se enganado. Eu nunca disse esse trem.
Chico Bento: Uai, São Francisco! Dai paciência pra mim, sô! Então me explica porque ela não fez trem nenhum pra você até agora?
Zé Lelé: É porque ela não sabe que estamos namorando, uai, mas quando souber você vai vê, sô!
FIM

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Funcionalismo

          Roman Jackobson foi o piomeiro no que diz respeito a teoria funcionalista, estendo a noção de função da linguagem que o estruturalismo concebia, função eferencial, para funções mais amplas, levando em consideração as interações entre os sujeitos: emotivas, conotativas, fáticas, referenciais, poéticas ou metalinguísticas.
          Outros grandes nomes do funcionalismo são: Martinet, Kiparky, Labov, Halliday...
          O funcionalismo é uma corrente teórica da linguística que considera o estudo de uma língua como a investigação das funções desempenhadas pelos elementos, as classes e os mecanismos que intervêm nela; consequentemente com esta importância da função, o funcionalismo entende que o estudo de um estado de língua, independentemente de toda reflexão histórica, tem valor explicativo e não só descritivo, ainda, os funcionalistas apoiam-se na idéia de que o papel da língua como instrumento de comunicação é essencial.
          A corrente funcionalista, preza pelo estabelecimento de um objeto de estudo real, com isso, não há separação entre sistema e uso. Através disso,a linguagem é vista como uma ferramenta que se adapta as diversas funções.
          Gramáticas Funcionais:
            O objetivo de se construir uma gramática funcional é de formular um modelo de um falante de determinada língua natural, considerando as capacidades humanas, tais como, linguísticas, sociais, lógicas, epistêmicas, antre outras.

             - Devem seguir três princípios:
                 1. adequação pragmática
                 2. adequação psicológica (modo como os falantes formulam expressões)
                 3. adequação tipologica (explicar as similaridades e as diferenças entre os sistemas linguisticos)
        O funcionalismo expressou um grande salto no desenvolvimento da Lingüística e de postulados teóricos que serviram de base para o desenvolvimento de novas abordagens teóricas neste campo: Teoria da Comunicação, Sociolingüística, Fonologia, Semântica Estrutural, Poética Estrutural, etc.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Linguística Forense

          A Linguística Forense pode-se definir de forma geral como a interface entre linguagem e direito. Dois de suas características são:
          1.se trata de uma disciplina multifacética
          2.seu estudo revela uma natureza complexa, ao incluir toda uma série de áreas de investigação que estão relacionadas com a linguagem administrativa, jurídico e judicial, por um lado, e com o uso forense da prova pericial linguística em diferentes âmbitos, por outro.
          Na atualidade considera-se que as três grandes áreas de atuação de um lingüista forense são: a linguagem jurídica e legal (Language of the Law), a linguagem do procedimento legal (Language of the Legal Process) e a linguagem evidencial ou probatorio (Language as Evidence).
         Existe uma definição ampla de linguística forense que cobre todas estas áreas nas que a linguagem e o direito se interrelacionan, e uma definição restritiva que se refere especialmente à utilização de provas periciais nos julgamentos e, por tanto, à atuação dos lingüistas em contextos jurídicos e judiciais.

domingo, 5 de dezembro de 2010

As grandes escolas da Linguística - Borges Neto

          José Borges Neto, esclarece em uma entrevista as diferentes correntes linguísticas que não se excluem, e que sim co-existem, e questiona-se o porquê da existência de tantas teorias sobre o mesmo assunto. 
          Esses e outros assuntos são abordados numa entrevista que pode ser acessada através do seguinte link:  "História e filosofia da linguagem - uma entrevista com Borges Neto"

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

As grandes escolas da Linguística

          Todos os domínios da Ciência Linguística são organizados/ inscritos em quatro grandes escolas.

             1. Estruturalismo: a língua se explica por si só.
                    Exemplo de domínio: Semântica Referencial (sentido + referência);

             2. Gerativismo: a linguagem é inata ao homem.
                    Exemplo de domínio: Sintaxe (parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no discurso, incluindo a sua relação lógica, entre as múltiplas combinações possíveis para transmitir um significado completo e compreensível) ;

             3. Materialismo: a língua tem uma existência material, é na língua que a história ganha corpo.
                     Exemplo de domínio: Filologia ( ciência que estuda uma língua, literatura, cultura ou civilização sob uma visão histórica, a partir de documentos escritos.);

             4. Funcionalismo: a linguagem possui diversas funções que transformam a língua e a linguagem.
                     Exemplo de domínio: Pragmática ( studa os significados linguísticos determinados não exclusivamente pela semântica proposicional ou frásica, mas aqueles que se deduzem a partir de um contexto extra-linguístico: discursivo, situacional, etc.);

            Como em posts anteriores já foi falado sobre Estruturalismo e Gerativismo, nos dedicaremos a falar sobre o Materialismo.
              O Materialismo pode ser pensado através de quatro viés:
                   1. Bakntin: linguagem dialógica - os diálosgos determinam como a linguagem se organiza e quais as relações que os signos estabelecem entre si, lembrando que são relações de conflito.
                   2. Focault: erupções do discurso - estudar o porque, somente, alguns discursos alcançam o status de verdade, numa detrminada época; Princípio do Controle do Discurso: nem todos podem falar e nem todos podem falar sobre o que querem.
                    3. Fairghoach: interações e relações de poder - nas interações sociais é que são estabelecidas as relações de poder.
                    4. Pêcheux: materialização da ideologia - a linguagem está ancorada a ideologia do sujeito; pensar comoa ideologia se materializa na linguagem e como numa posição sócio-cultural o sujeito enuncia.

            É importante ressaltar que não podemos pensar em Linguística como uma transformação retilínea, são movimentos que ocorrem paralelamente.